Começam a acontecer coisas interessantes quando se mora muito tempo num mesmo lugar. Nunca fui de fazer isso; de passar muito tempo num mesmo lugar. Agora estou nessa cidade há oito anos, quase nove - indo e voltando. Reparo naquilo que li em livros sobre as figuras que estão por todo canto das cidades: loucos, vendedoras ambulantes de docinhos suspeitos e pseudo cults como eu. Cartas marcadas. Bêbados que batem ponto na boêmia. Estátuas; seres imóveis que não definem nada, mas que dão uma falsa sensação de segurança e de história a tudo aquilo que é transitório: a vida em si. São como anti-coisas. Somos perfeitos mentirosos.
Está na hora de começar tudo de novo. Dessa vez do zero.