Gosto quando te calas (Pablo Neruda)
Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.
Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
sábado, 18 de setembro de 2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
quarta-feira, 28 de julho de 2010
sexta-feira, 11 de junho de 2010
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Escrita por Charlie Kaufman e Jon Brion
Interpretada por Deanna Storey
Trilha sonora de Sinédoque, Nova York
"I love this song, because it discusses the monotony of life. The simple, trivial happenstances of human existence, feeling insignificant, and ultimately the loneliness of being human at one time or another.
And then, of course, making a human connection. "
domingo, 30 de maio de 2010
José
(Carlos Drummond de Andrade)
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
(Carlos Drummond de Andrade)
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
segunda-feira, 3 de maio de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
Lembra, corpo
(Konstantinos Kaváfis)
(Konstantinos Kaváfis)
Corpo, lembra não só quanto foste amado,
não somente os leitos em que deitaste,
mas também aqueles desejos que por ti
brilhavam nos olhos claramente,
e que tremiam na voz – e que algum
obstáculo fortuito frustrou.
Agora que tudo já está no passado,
parece, quase, que àqueles desejos também
tu te entregaste – como eles brilhavam,
lembra, nos olhos que te contemplavam;
como tremiam na voz, por ti, lembra, corpo.
domingo, 28 de março de 2010
Tokyo Glow
Tokyo/Glow from Nathan Johnston on Vimeo.
ou assista por aqui, caso seu pc não seja lerdo como é o meu: Tokyo/Glow HD
terça-feira, 16 de março de 2010
Sensible Wege, por Reiner KunzeSensible
ist die erde über den quellen: kein baum darf
gefällt, keine wurzel
gerodet werdenDie quellen könnten
versiegenWie viele bäume werden
gefällt, wie viele wurzeln
gerodetin uns
Caminhos Sensíveis, por Reiner Kunze
Sensível
é a terra por sobre as fontes: nenhuma árvore pode
ser derrubada, nenhuma raiz
arrancadaAs fontes podiam
secarQuantas árvores
derrubadas, quantas raízes
arrancadasdentro de nós
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Uhm... Certa vez tive um grande amigo que queria escrever como as músicas que ele mais gostava no instante quando escrevia. Sinto falta desse cara. Sinto falta de todas as coisas perdidas.
Não sei se eu disse a ele, mas ele conseguia escrever como as músicas.
Fica aqui o recado jogado na imensidão... se por acaso você encontrar...
Hoje eu gostaria de escrever como essa música é levada: um tanto livre, um tanto melancólica, um tanto nostálgica, um pouco cômica...
Não sei se eu disse a ele, mas ele conseguia escrever como as músicas.
Fica aqui o recado jogado na imensidão... se por acaso você encontrar...
Hoje eu gostaria de escrever como essa música é levada: um tanto livre, um tanto melancólica, um tanto nostálgica, um pouco cômica...
Chico Buarque - Medo de amar (Vinícius de Moraes)
Vire essa folha do livro e se esqueça de mim
Finja que o amor acabou e se esqueça de mim
Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz
E que ter medo de amar não faz ninguém feliz
Agora vá sua vida como você quer
Porém, não se surpreenda se uma outra mulher
Nascer em mim, como no deserto uma flor
E compreender que o ciúme é o perfume do amor
Finja que o amor acabou e se esqueça de mim
Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz
E que ter medo de amar não faz ninguém feliz
Agora vá sua vida como você quer
Porém, não se surpreenda se uma outra mulher
Nascer em mim, como no deserto uma flor
E compreender que o ciúme é o perfume do amor
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