segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Náusea
(Jean-Paul Sartre)

Não sei aonde ir. Fico postado junto ao cozinheiro de papelão. Não tenho necessidade de me voltar para saber que estão me olhando através das vidraças: olham para as minhas costas com surpresa e asco; pensavam que eu era como eles, que eu era um homem, e os enganei. De repente perdi minha aparência de homem e eles viram um caranguejo que fugia, recuando, dessa sala tão humana. Agora o intruso desmascarado fugiu: a reunião continua. Irrita-me sentir em minhas costas todo esse formigamento de olhos e pensamentos assustados. Atravesso a rua. A outra calçada acompanha a praia e as cabines de banho.

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