sábado, 29 de novembro de 2008

[do filme "Hotel de um milhão de dólares"]

Wow, after i jumped it occured to me: life is perfect.
Life is the best! Full of magic,
beauty,
oportunity
and
television.
And surprises! Lots of surprises. Yeah.

And there's the best of it of course
better than anything anyone ever made of
'cause it's real


Nossa!, depois que eu pulei... eu, subitamente, percebi: a vida é perfeita.
A vida é o melhor! Cheia de mágica, beleza, oportunidade e televisão.
E surpresas! Muitas supresas. É.

E o melhor de tudo, claro,
melhor do que qualquer coisa que qualquer pessoa já inventou é que é ela é real.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A mulher da bolsa aberta
Marla

A mulher da bolsa aberta sentava-se ao lado de um homem que era seu amigo. Ele prestava atenção à comunicação do palestrante, que, num mono tom, apresentava, passando as telas do data show, o que pesquisara sem curiosidade e descobriu sem surpresa.
A mulher da bolsa aberta respirava e de vez em quando levantava o cabelo, pois fazia calor. Mostrava, então, as costas, a mim que já havia visto o amigo, o data show-palestrante, a bolsa aberta e o seu conteúdo.
Eu que ouvia sem interesse o palestrante sem paixão fui movido pela visão da bolsa aberta da mulher que levantava, de vez em quando, os cabelos. Interessei-me, menos que pelo conteúdo da bolsa (que afinal não deveria ser tão diferente do das dezenas de bolsas de dezenas de mulheres que se encontravam ali), pela mulher que a trazia aberta, quando nenhuma outra deixava à vista o que quer que carregasse consigo.
Ainda não havia me interessado pelo que as mulheres carregam em suas bolsas, por mais exemplos inusitados que tenha tido. O que eu não havia percebido e agora me interessava era o porquê de elas trazerem suas bolsas sempre cerradas aos olhos alheios, como se resguardassem a própria intimidade, levando-me à intrigante questão de por quê a mulher da bolsa aberta era diferente.
A mulher que levantava os cabelos de vez em quando, pois assim fazia menos calor, deixou a bolsa aberta todo o tempo, e não fora por descuido, pois pegara o celular duas vezes para ver a hora. Sabia a mulher com calor que todas sentiam calor e todas traziam em suas bolsas mais ou menos o que ela trazia, o que todos supunham, e por isso não se importava de o mostrar? Acharia a mulher que mesmo estando a bolsa aberta ninguém olharia o conteúdo, pois sabiam que era como se olhassem a sua intimidade e então não o fariam? Seria a mulher uma exibicionista que procurasse expor a sua intimidade à vista de estranhos que, notando a bolsa aberta, certamente a procurariam devassar? A mulher que sentia calor e levantava os cabelos poderia pensar que uma bolsa é uma bolsa, não sua intimidade, e sim o continente daquilo que carrega por sua função, e não seu significado, e que nada dizia dela, senão que escovava os dentes, tinha celular, dirigia, mascava chiclete (sabor tutti-frutti) e... melhor não dizer tudo, afinal, é a bolsa dela. E eu só olhei porque estava aberta, não vou sair comentando. Vá que ela não percebe. Tutti-frutti. Uma mulher que masca chiclete de tutti-frutti, não de menta. Será que acha o sabor muito forte?
A mulher da bolsa aberta ouviu a palestra até o fim, se levantou e saiu carregando o objeto de minhas elucubrações. Pensei em dirigir-lhe a palavra. Avisar que a bolsa estava aberta, talvez... imagine, que absurdo.
O palestrante desligou o data show e saiu, depois de desfiar um por um os resultados de suas pesquisas. Senti inveja dele. Por mais curiosidade que tenha me despertado, nenhuma de minhas hipóteses será testada. Fico com o mistério.

- Ei, Sandra, que chiclete você prefere?